sexta-feira, 20 de junho de 2008

RIO GANHA 1ª ESCOLA DE SAMBA PARA PÚBLICO GLS – POR CLÁUDIA LOUREIRO

Segundo o idealizador, idéia é homenagear os grandes artistas do carnaval. O Projeto é para o público GLS, mas todos poderão desfilar.
Os preparativos para o carnaval de 2009 mal começaram, mas já tem novidade no ar. Gays, lésbicas e simpatizantes (GLS) vão ganhar a primeira escola de samba voltada especialmente para esse público. Com o nome de Grêmio Recreativo Escola de Samba Arco-Íris de Amor, a idéia, segundo seu idealizador e fundador, é homenagear os “grandes artistas” do carnaval. “Esse é um projeto que tenho há 3 ou 4 anos. Essas pessoas são as que fazem as roupas mais bonitas, mais caras e têm um carinho enorme pelo carnaval. Acho mais do que justo essa homenagem”, diz o intérprete Rhichahs, que tem 30 anos de Avenida e puxa o samba na União de Jacarepaguá, escola do Grupo de Acesso B. O sambista diz que não pensou em criar um bloco de rua porque não queria que a homenagem fosse passageira. "Sempre digo que isso não é um bloco de piranha.
É uma escola de samba, um projeto sério."
Grupo Especial na mira
O projeto vai ser levado oficialmente ao conhecimento da Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio na próxima semana. “Já recebemos a documentação jurídica de autorização da escola e vamos desfilar pelo grupo que a Associação indicar. Vamos pegar todo o regulamento e segui-lo. Queremos fazer tudo direito para não sermos penalizados, e um dia chegar ao Grupo Especial com muita humildade e trabalho”, antecipa Rhichahs. O anúncio sobre a criação da escola foi feito num site e parece que já agradou à população. “Recebi e-mails e telefonemas de pessoas me parabenizando. Todos dizem que a homenagem é justa.” Para que não fique nenhuma dúvida, o intérprete esclarece que a nova escola de samba é aberta a todo público. “A homenagem é para o público GLS, mas todos podem desfilar.” Segundo Rhichahs, os ensaios acontecerão na quadra da escola de Jacarepaguá, na Zona Oeste, que já cedeu o espaço. Por enquanto, ninguém foi sondado para sair como destaque da Arco-Íris do Amor. “Vou ter uma reunião com a diretoria e vamos marcar um coquetel de lançamento da escola. Mas a idéia é seguir o modelo das outras escolas, com rainha de bateria, ala das baianas e porta-bandeira e mestre-sala.”

quinta-feira, 12 de junho de 2008

COM MEDO DE MORRER HOMOSSEXUAIS FOGEM DO IRÃ

Para conseguir viver e até mesmo sobreviver, os homossexuais iranianos precisam deixar o país ou, na melhor das hipóteses, viver escondidos. Quem conta é um "exilado" iraniano que em 2005 fugiu para Toronto, no Canadá, para escapar de surras, prisões e até mesmo da morte.A declaração feita por Arsham Parsi (diretor-executivo do site Iranian Queer Organization Organização Homossexual Iraniana, em livre tradução do inglês), bate de frente com a declaração do presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad. Ahmadinejad disse durante entrevista na universidade de Columbia, nos Estados Unidos, que não havia este ‘fenômeno’ no Irã. “Nós não temos homossexuais como em seu país (EUA). Nós não temos isto em nosso país. Não temos este fenômeno”, afirmou o presidente."Se não há homossexuais no Irã, eu sou o quê?", rebateu Parsi. Ele contou que teve que deixou o país justamente para que pudesse viver em paz. “Deixei o Irã em 2005 e não penso em voltar para lá. Eu não posso voltar. Eu tenho medo, sim. Não me sinto seguro por lá”. “Eu disse que só voltaria para o meu país quando esta situação não existisse mais por lá”, completou ele.Mas, segundo ele, o fim do preconceito está longe de terminar. E ele publicou em seu site duas fotos de dois amigos que foram chicoteados recentemente por serem homossexuais. Por conta disto, ambos tiveram que fugir para a Turquia."Ahmadinejad só precisa dar uma volta em qualquer tarde ou noite pelo parque Daneshju para descobrir que em seu país há, sim, homossexuais", sugere um estudante universitário. O Daneshju é um dos típicos lugares de encontros gays de Teerã. Talvez o mais democrático. Diferentemente do centro comercial Jam-e Jam, onde o ambiente elegante faz que suas camisetas justas e suas sobrancelhas depiladas passem despercebidas, no parque confluem rapazes tanto do norte rico como do sul mais modesto. A menos que algum se mostre especialmente carinhoso, a polícia não costuma intervir.Como no caso dos heterossexuais, a república islâmica considera imoral qualquer demonstração pública de afeto. De acordo com a moral institucionalizada pela revolução islâmica de 1979, toda relação fora do casamento heterossexual é ilícita e punível.Taha não gosta do termo "hamjensbaz", que seu presidente empregou. "É pejorativo", diz sobre o neologismo que significa literalmente "brincar com o mesmo sexo". Ele refere-se a si próprio como "gerá", redução de "hamjensgerá" (inclinação pelo mesmo sexo).O desprezo é algo a que os homossexuais iranianos estão acostumados. Desprezo, indiferença ou olhar para o outro lado, como fez Ahmadinejad. "Os iranianos são fechados em relação a esse tema. Não se pode falar livremente", salienta Taha. Nem mesmo com a família mais próximaPor enquanto, porém, impera a idéia de que a homossexualidade é uma doença. Na verdade, com o certificado médico, os que se declaram gays ficam isentos do serviço militar. "É verdade que você consegue se livrar do serviço, mas nem eu nem a maioria de meus amigos fizemos isso porque depois a carteira marca como causa o artigo 29, e todo mundo sabe do que se trata", explica Taha. "Fica impossível conseguir um emprego."Deve evitar se envolver em incidentes como o que na última primavera acabou levando à delegacia dois jovens que comemoravam com um grupo de amigos sua decisão de morar juntos.A polícia invadiu a festa e todos os participantes terminaram sob o chicote do carrasco. Sua história e as marcas das 80 chibatadas por "relação imprópria" que receberam podem ser vistas no site da Organização Gay Iraniana (www.irqo.net), com sede nos EUA. Hoje os dois amigos saíram do Irã à espera de encontrar um país de refúgio.

domingo, 8 de junho de 2008

REVISTA DA GLOBO EVITA CAPA COM BEIJO ENTRE SARGENTOS GAYS DO EXÉRCITO – POR SÉRGIO RICARDO

A revista semanal "Época", publicada pela editora Globo, cogitou colocar em sua capa a imagem de um beijo gay entre dois militares. Em sua última edição, a revista trouxe a história dos sargentos do Exército Laci Marinho de Araújo e Fernando de Alcântara de Figueiredo, que assumiram sua homossexualidade. "Época" chegou a considerar a capa (à dir) com o beijo dos sargentos gays, mas optou por versão menos polêmica. A opção da capa da "Época" mostrava o beijo do casal, na boca. O sargento Araújo foi preso, na madrugada da quarta-feira (4), pelo Exército, acusado de deserção. Ele e o companheiro estavam na sede da Rede TV! em Barueri (Grande SP), onde participaram do programa "SuperPop", de Luciana Gimenez.
A direção da "Época" confirmou que a capa do beijo gay era uma das alternativas.
"A foto [do beijo gay] foi considerada. Normalmente trabalhamos com duas ou três alternativas de capa. Refletimos e optamos por dar a que foi publicada por julgá-la mais adequada", informou Paulo Nogueira, diretor editorial da editora Globo, por e-mail.
A capa escolhida pela revista mostra apenas Laci com a mão no ombro de Figueiredo. O blog da equipe de criação e design da revista postou as três opções de capa --a outra alternativa apenas retratava os rostos próximos dos militares, sugerindo a intenção do beijo. A exemplo da revista "Época", a TV Globo também evita exibir beijo entre pessoas do mesmo sexo em suas produções. Foi o que aconteceu com "Duas Caras", que terminou no último sábado (31). Aguinaldo Silva, autor da novela das 21h, escreveu uma cena do beijo entre os personagens Bernardinho (Thiago Mendonça) e Carlão (Lugui Palhares), mas a emissora proibiu o beijo.