quinta-feira, 12 de junho de 2008

COM MEDO DE MORRER HOMOSSEXUAIS FOGEM DO IRÃ

Para conseguir viver e até mesmo sobreviver, os homossexuais iranianos precisam deixar o país ou, na melhor das hipóteses, viver escondidos. Quem conta é um "exilado" iraniano que em 2005 fugiu para Toronto, no Canadá, para escapar de surras, prisões e até mesmo da morte.A declaração feita por Arsham Parsi (diretor-executivo do site Iranian Queer Organization Organização Homossexual Iraniana, em livre tradução do inglês), bate de frente com a declaração do presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad. Ahmadinejad disse durante entrevista na universidade de Columbia, nos Estados Unidos, que não havia este ‘fenômeno’ no Irã. “Nós não temos homossexuais como em seu país (EUA). Nós não temos isto em nosso país. Não temos este fenômeno”, afirmou o presidente."Se não há homossexuais no Irã, eu sou o quê?", rebateu Parsi. Ele contou que teve que deixou o país justamente para que pudesse viver em paz. “Deixei o Irã em 2005 e não penso em voltar para lá. Eu não posso voltar. Eu tenho medo, sim. Não me sinto seguro por lá”. “Eu disse que só voltaria para o meu país quando esta situação não existisse mais por lá”, completou ele.Mas, segundo ele, o fim do preconceito está longe de terminar. E ele publicou em seu site duas fotos de dois amigos que foram chicoteados recentemente por serem homossexuais. Por conta disto, ambos tiveram que fugir para a Turquia."Ahmadinejad só precisa dar uma volta em qualquer tarde ou noite pelo parque Daneshju para descobrir que em seu país há, sim, homossexuais", sugere um estudante universitário. O Daneshju é um dos típicos lugares de encontros gays de Teerã. Talvez o mais democrático. Diferentemente do centro comercial Jam-e Jam, onde o ambiente elegante faz que suas camisetas justas e suas sobrancelhas depiladas passem despercebidas, no parque confluem rapazes tanto do norte rico como do sul mais modesto. A menos que algum se mostre especialmente carinhoso, a polícia não costuma intervir.Como no caso dos heterossexuais, a república islâmica considera imoral qualquer demonstração pública de afeto. De acordo com a moral institucionalizada pela revolução islâmica de 1979, toda relação fora do casamento heterossexual é ilícita e punível.Taha não gosta do termo "hamjensbaz", que seu presidente empregou. "É pejorativo", diz sobre o neologismo que significa literalmente "brincar com o mesmo sexo". Ele refere-se a si próprio como "gerá", redução de "hamjensgerá" (inclinação pelo mesmo sexo).O desprezo é algo a que os homossexuais iranianos estão acostumados. Desprezo, indiferença ou olhar para o outro lado, como fez Ahmadinejad. "Os iranianos são fechados em relação a esse tema. Não se pode falar livremente", salienta Taha. Nem mesmo com a família mais próximaPor enquanto, porém, impera a idéia de que a homossexualidade é uma doença. Na verdade, com o certificado médico, os que se declaram gays ficam isentos do serviço militar. "É verdade que você consegue se livrar do serviço, mas nem eu nem a maioria de meus amigos fizemos isso porque depois a carteira marca como causa o artigo 29, e todo mundo sabe do que se trata", explica Taha. "Fica impossível conseguir um emprego."Deve evitar se envolver em incidentes como o que na última primavera acabou levando à delegacia dois jovens que comemoravam com um grupo de amigos sua decisão de morar juntos.A polícia invadiu a festa e todos os participantes terminaram sob o chicote do carrasco. Sua história e as marcas das 80 chibatadas por "relação imprópria" que receberam podem ser vistas no site da Organização Gay Iraniana (www.irqo.net), com sede nos EUA. Hoje os dois amigos saíram do Irã à espera de encontrar um país de refúgio.

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