sexta-feira, 21 de setembro de 2007

QUEM IMITA QUEM?

Com visual parecido, gays machos e héteros bombados vão à mesma balada e confundem os freqüentadores da noite.
Alex usa boné, costeleta comprida, bermuda baixa com o abdômen depilado aparecendo, uma corrente prateada no pescoço, tatuagem no braço. Diz que, no mês que vem, pretende tomar “bomba” pra ficar forte. Ele dá a entrevista ao repórter Paulo Sampaio em um bar na Rua Farme de Amoedo, a mais gay do Rio.
No interior de São Paulo, em uma rave de música eletrônica, o representante de vendas Henrique Nunes, 22, chapéu, peito bombado, oblíquo do abdominal depilado, calça baixa, cinto Dolce & Gabbana, cueca Calvin Klein aparecendo, etc., etc., dança com a namorada, a modelo Valkiria Sinegali, 22, em uma rave de música eletrônica no interior de São Paulo: “Sou muito paquerado por homem, véio”, diz Nunes.
A simples observação do físico ou da atitude dos acessórios, da música (eletrônica) e dos termos que o “brother” usa não é mais suficiente para definir a orientação sexual dele. Na balada, a confusão é geral. Os dois grupos, que há até pouco tempo não se freqüentavam, agora dançam lado a lado, no mesmo balanço sobre pernas semi-flexionadas e dedos polegar e indicador em forma de “pistola”; muitos tiram a camisa na pista, mas não assumem que é para exibir o peitão; a maioria diz que “é calor”.

MAS, AFINAL, QUEM IMITOU O OUTRO?

O dentista homossexual Diego Tavares, 30, diz que “os héteros seguem os gays”. “Eles vêem que a gente é sarado, sabe se vestir, dançar, e está sempre rodeado das mulheres mais bonitas e desencanadas, e nos imitam para ver se conseguem se aproximar delas”, diz Tavares, boné, correntão, peito bombado, depilado, tatuagem…
Os héteros acham que, ao contrário, o gay é que foi na direção deles. “A maioria quer parecer com a gente porque nos acha bonitos, e também para passar despercebida. Gay sente atração por “homem-homem”, não por bicha afetada”, diz o universitário Fernando Piedade, 23, boné, correntão, peito bombado, depilado.
No alucinante mundo eletrônico das aparências, o “homem-homem” a que Piedade se refere é uma imagem consensual, pasteurizada. Segue uma espécie de fórmula que leva todos a parecerem o mesmo. “Sou vaidoso e um pouco consumista, sim. Afinal, eu trabalho duro”, diz o estudante de hotelaria Rodrigo Pompeu, 25, que depila o torso “para ficar mais definido”. No momento, Pompeu está sem namorada nem camisa, e veste roupas e acessórios das grifes Ralph Lauren, Adidas, Armani e Prada (ele é heterossexual).
A estética da “masculinidade comum de dois” mistura roupas de grife com um linguajar deliberadamente “malandro” (”Beleza véio?”; “Fala mano!”; “Firmeza?”), gírias abrutalhadas (”saradaço”, “bombadão”) e signos de macheza, como orelhas amassadas e cachorros malvados (casualmente, um dos maiores chamarizes em sites de busca homossexual é o nickname “Jiu-Jitsu”.
“O gay pode ser espinhudo, calvo, baixinho, tudo, menos feminino. Então, para parecer macho, usa expressões como “E aí, brother?”, engrossa a voz ao telefone e diz: “Sou muito discreto, ninguém em casa desconfia de nada’”, diz o empresário Sérgio di Pietro, 27, dono do disponível.com, o maior site de relacionamento do Brasil, com 300 mil usuários, 90% gays.
O gay-macho costuma se aferrar a um forte patrulhamento. “Eu não forço nada, tenho um jeito naturalmente masculino. Mas muitos gays imitam homens, outros nem conseguem. Usam bomba pra ficar fortes e, quando abrem a boca, sai aquela vozinha”, diz o universitário Raphael Martins, 26. Ao posar para a foto, ele cruza os brações, estufa o peito e explica por que não se depila. “Pêlos são coisa de homem. Não tenho nada contra biba, mas gosto de homem. Já peguei cara casado e que namora mulher. Meu namorado tem atitude de homem.”
Valorizado por sua “atitude de homem”, o hétero bombado também parece duro como um animal empalhado, mas suas explicações para as semelhanças com os gays são menos rebuscadas. “Eles ficam fortes pra atrair homens, brother; nós, para atrair mulheres”, diz Felipe Rodrigues, 23, óculos, corrente, peito bombado, depilado, Calvin Klein…
Acontece que, na noite, as coisas não são tão claras. O professor de educação física Leandro Dantas, 27, 1,93 m, 47 cm de bíceps, 118cm de peitoral liso, conta: “Conheci uma menina linda em uma balada GLS, que deu o mó mole, e, quando me aproximei, ela queria que eu transasse com o amigo dela”. O hétero bombado, apesar da reconhecida “confusão estética”, muitas vezes têm tanto medo de parecer gay quanto o próprio gay. “Tá de sacanagem?”, responde um rapaz de boné, peitão, correntão etc, quando a reportagem o aborda sobre as semelhanças.
O personal trainer gay Oswaldo Ferreira, 30, peito bombado, etc., diz que “a coisa mais engraçada é o cara saradão que passa por você com a namorada, e te mede, não necessariamente para paquerar, mas pra ver quem tem o corpo maior.
Tipo competição, sabe?”.
VOCÊ É GAY?
“COMO RECONHECER UM”?

BARBIE
Apesar de não existir em grande quantidade é fácil de identificar, investe todo o seu tempo e aqué na construção do corpo, adora exibir-se em camisetas baby-loock e calças “acochadérrimas”, anda, dança e transa em turma.
BOIOLA
É um gay mais moderno. Pratica surf, aeróbica, vive com óculos na testa, finge que namora a coleguinha de turma, freqüenta pagode, mas no fim da noite, dá uma passadinha no Bingo prá botar a "cartela" em dia.
BICHA
É o gay mais rampeiro que existe, daqueles que fedem a mijo e usam calça corsário com tamanco. Suas duas variações mais conhecidas são: gay-louca, que é um misto de gay com maluco, e gay-nojenta, que é aquele que trabalha com a gente.
GAY
É metido a intelectual, alegre, mas que dá igualzinho aos demais. Só que com mais criatividade. Fala de sexo anal o tempo todo e costuma pregar que xoxota só tem fama; bom mesmo é o de trás.
BONECA
É a mais fêmea dos gays; a que gostaria de ser chamada de "gayzona", por ser no feminino. Na realidade, ela se acha a própria me-ni-na e sonha com casamento. O único problema é que, como toda boneca, tem sempre a bunda malfeita.
PÃO COM OVO
Esta dificilmente paga o que deve, fala alto, conhece “pencas” de pessoas e costuma contar pra todo mundo para quem já deu o seu edi, facilmente você identifica pelo jeito fashion de se vestir.
FRUTA
É aquele gay meigo, frágil, branquinho, pálido, com gestos graciosos e delicados. Geralmente é ou foi criado pela vovó, jogando bola-de-gude no carpete ou na pior das hipóteses é aquela "filha" que a mãe não pode ter e foi criado usando camisolinha rosa e laço de fita no cabelo desde pequeno. Geralmente só dá mediante solicitação, pois é extremamente tímido.
TIA
É um gay em desuso. Teve sua vez na época dos grandes bailes de fantasia no carnaval. Hoje, a bunda murchou, apareceram as varizes, virou um lixo!!
QUÁ-QUÁ
Essa abusa do direito de ser gay, desmunheca e usa roupas extravagantes, geralmente marcas de ponta de estoque, apesar de passar necessidade no dia a dia, ela não passa um final de semana sem ir a boate.
HOMOSSEXUAL
É o gay discreto, enrustido. Em geral, é rico e se casa para camuflar suas atividades. Paga bem e pede discrição. Freqüenta muito o proctologista e é capaz de trair a mulher com o próprio cunhado garotão, em troca de emprestar o carro.
MEIGO
É o gay que você nunca tem certeza de que realmente é gay. Você desconfia pelos seus gestos e trejeitos, porém se você souber que ele não é gay, você não iria ficar tão decepcionado. Ele deixa dúvidas. Quando você acha que um cara é meio-gay mas não tem certeza, chame ele de Meigo que é a abreviatura de MeioGay.
MOURA BRASIL
Esse é o gayo que ninguém imagina que ele é gay. Fala como homem, se veste como homem, anda como homem, coça o saco, pode ser casado e até ter filhos, compra a revista Playboy e comenta "Meu Deus que mulher gostosa". Chama-se Moura Brasil, porque se aparecer uma oportunidade de dar pra outro homem sem que ninguém saiba ele vai para cama e dá tanto, mas dá tanto, que tem que passar colírio de tão ardido que fica.
JIBÓIA
É o pior tipo, geralmente vive camuflado, sempre engraçado e muito "dado", se oferece para tudo. Gosta de ser popular e chamar atenção, só conversa tocando as pessoas, principalmente se for homem. Muito encontrado em repartições públicas e agências de turismo. Vive esperando algum colega dizer a frase do dia: - "Vou dar uma mijada, tem alguém pra balançar pra mim?"
Para os politicamente corretos esses tipos de gay apresentados não têm conotação pejorativa, só serve para diversão descompromissada.

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